tag:blogger.com,1999:blog-89602765001026517472024-03-06T01:27:26.662-03:00Boca da AlmaBruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.comBlogger298125tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-77800420493122510082020-07-29T03:30:00.001-03:002020-07-29T04:54:41.884-03:00Como Sempre-Nunca<div style="text-align: left;">É de volta, na maior das voltas,</div><div style="text-align: left;">que lhe apresento, </div><div style="text-align: left;">ó amada Palavra,</div><div style="text-align: left;">minha alma.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Nova e antiga, </div><div style="text-align: left;">devota e vibrante, </div><div style="text-align: left;">como sempre fui e </div><div style="text-align: left;">jamais voltei a ser.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Neste glorioso encontro, </div><div style="text-align: left;">sinto-me, neste chão,</div><div style="text-align: left;">no presente primeiro.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Esse tempo é daqueles </div><div style="text-align: left;">em que te encontrei</div><div style="text-align: left;">ainda menina;</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Agora velha que sou, mas</div><div style="text-align: left;">nem tanto, estou, </div><div style="text-align: left;">percebo em teu corpo longo e macio</div><div style="text-align: left;">marcas que outrora</div><div style="text-align: left;">não sabia ver.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">E, pra minha surpresa,</div><div style="text-align: left;">essas marcas são as mesmas</div><div style="text-align: left;">que encontro em mim. </div>Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-82609401205915241782020-07-29T03:26:00.003-03:002020-07-29T04:56:48.438-03:00Amor?<div style="text-align: justify;">Ainda preciso me decidir:</div><div style="text-align: justify;">se amor é maldição, </div><div style="text-align: justify;">se é karma,</div><div style="text-align: justify;">se é destino.</div><div style="text-align: justify;">Ainda não sei se espero, maldigo, </div><div style="text-align: justify;">se ainda é bem-vindo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O amor nesses dias de </div><div style="text-align: justify;">cólera,</div><div style="text-align: justify;">me assombra, </div><div style="text-align: justify;">numa velha lembrança </div><div style="text-align: justify;">de quando eu era criança.</div><div style="text-align: justify;">A vida andava longe da beira do abismo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Como poderia ser?</div><div style="text-align: justify;">O Amor ser um sonho ruim?</div><div style="text-align: justify;">Ver o Homem-Amado, </div><div style="text-align: justify;">destruindo a mansidão frágil </div><div style="text-align: justify;">com tão poucas palavras?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Era como a eternidade,</div><div style="text-align: justify;">sobrevida em seu silêncio,</div><div style="text-align: justify;">e nem mesmo sua ausência foi capaz </div><div style="text-align: justify;">de apagar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Maldita visita. </div><div style="text-align: justify;">Meu sangue derramado,</div><div style="text-align: justify;">seco e escuro, </div><div style="text-align: justify;">nesse quarto, </div><div style="text-align: justify;">há muito, abandonado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Me ajuda, segue me recordando</div><div style="text-align: justify;">sua falta.</div><div style="text-align: justify;">Nem sua falta é bem-vinda.</div>Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-42506554539933948632020-07-29T03:20:00.002-03:002020-07-29T04:55:24.710-03:00milagrosa <div style="text-align: left;">quero permanecer pacífica, </div><div style="text-align: left;">como deve respirar </div><div style="text-align: left;">a alma que ama.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">mas quando a saudade assombrar meu corpo, </div><div style="text-align: left;">um vermelho-sangue, </div><div style="text-align: left;">na chuva abrasadora, </div><div style="text-align: left;">me cobre os olhos e o peito;</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">me apavora e produz o melhor dos perfumes: paixão.</div><div style="text-align: left;">e ainda pelas palavras de um homem.</div><div style="text-align: left;">ajuda-me poesia, a permanecer.</div><div style="text-align: left;"><br /></div>Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-44661870227493852622020-07-29T03:18:00.002-03:002020-07-29T04:55:44.230-03:00eternamente à procura<div style="text-align: justify;">penetrarei surdamente </div><div style="text-align: justify;">no reino das palavras.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">louvarei nossa amada poesia; deusa</div><div style="text-align: justify;">infinita da beleza </div><div style="text-align: justify;">e devastação.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">amor profundo,</div><div style="text-align: justify;">único perfeito.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-27196461458438732782018-08-03T05:00:00.000-03:002018-08-03T05:00:02.759-03:00Adentra-meEternizo teu nome e tua forma.<br />
Tua imagem aprofundada,<br />
marca minha voz<br />
minhas mãos nas cordas<br />
no braço que não é o teu, mas que me revive<br />
como tua lembrança.<br />
Por possuir a palavra-viva<br />
somos nossos.<br />
Tua alma abissal me habita<br />
e não há como ser maior.<br />
A beleza de tua morte é<br />
humana, no brutal da visão que é bela<br />
porque também é minha.<br />
E amo-te porque me amo.<br />
Porque és monstruoso,<br />
pedra-bruta-viva.<br />
Porque amas o amor.<br />
Perfeito erro, destruindo tudo em mim.<br />
Que não é nada.<br />
<br />Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-65126640566826169092018-08-03T04:52:00.002-03:002018-08-03T04:52:49.017-03:00O Mesmo Homem-AmadoHomem!<br />
Divino ser, gris,<br />
castanho perfurando-te a pele!<br />
Homem-Primeiro,<br />
abrasador de minha alma!<br />
Tua morte prevista me absorve o medo,<br />
me assopra os olhos<br />
lagrimados de tua dor,<br />
me avança na ida<br />
pra suturar teu peito.<br />
<br />
Homem-Abissal!<br />
Soturna, notígava<br />
adentrarei tua casa;<br />
tua sala;<br />
teu quarto escuro,<br />
como também é<br />
este dia cortante.<br />
E dentro, enquanto te vejo dormir,<br />
deitarei lenta e profunda sobre teu corpo<br />
esguio, reluzente.<br />
Num respiro amoroso<br />
penetro e durmo em ti.<br />
Eternos.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-38661770498075063332018-08-03T04:34:00.003-03:002018-08-03T04:34:45.101-03:00Confissão Pernambucana à PoesiaMe habita um desejo insuportável, Poesia Amada. E sei que também é o teu. Um desejo de ver, eterna e desesperadamente os rosas e azuis, laranjoscuros do céu divino, pernambucano, com o cheiro do Sol na terra, abrindo-me o peito, pendurando a alma, tocando o chão, chorando de beleza.<br />
Amada! Me habita um desejo daquela gente; que, verdade, sabe ver o olho alheio; que me abraça com os braços longos da noite negra-azul-castanha com o calor de um zilhão de estrelas que, apenas lá me viram por uma pequena vez absurda e violenta de amor ao céu e a terra; às pedras e às horas.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-87196769526072892832018-08-03T04:28:00.000-03:002018-08-03T04:28:00.722-03:00Amor&PalavraRetomar o azul<br />
é como voltar a dormir.<br />
Minh'alma retorna à sua casa,<br />
pacífica e amável, como sempre foi,<br />
sempre será.<br />
Mas o que a poesia atormenta é,<br />
também, sagrado.<br />
A palavra me revive quando<br />
me tentam partir ao meio.<br />
Palavra amada!<br />
Que estejamos sobrepostas<br />
eternamente fundidas<br />
no poema noturno e enfermo de amor à Ela, divina<br />
Poesia.<br />
Pois o amor que lhe tenho<br />
é o mesmo que tenho pela beleza<br />
natural do que sou feita,<br />
e que é feita a natureza do mundo. Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-62276691769934944232018-08-03T04:13:00.001-03:002018-08-03T04:13:41.550-03:00SouPequena! Cada vez menor fica minha visão.<br />
Menor o desejo de desejar.<br />
O que permanece, transfigurado está.<br />
Pequena e sem rosto, a fotografia amorosa que fiz do amor;<br />
desfigurada das águas vindas de mim.<br />
Naquele dia, frente ao mar, fui e sou<br />
pequena e sozinha. Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-12503869077755256672018-08-03T04:11:00.001-03:002018-08-03T04:11:30.118-03:00UnaPonteCaminho com os dedos,<br />
sobre as pontes, pequenas,<br />
longínquas, feituras do tempo<br />
e chego ao outro lado.<br />
Dali posso ver você;<br />
a cor de tua pele<br />
ímã, prisão divinal.<br />
<br />
Akário<br />
é<br />
palavra<br />
do<br />
teu<br />
gosto.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-58390444759913054922018-08-03T04:07:00.000-03:002018-08-03T04:07:44.077-03:00OroPermita-me, Poesia<br />
que o silêncio seja teu;<br />
que seja em tua mão<br />
meu deleite e sossego.<br />
Ajuda-me, amada minha,<br />
que calar o amor é mortífero<br />
e devastador.<br />
Seja meu braço, meu ombro duro.<br />
Refaça meu corpo em tua força.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-79705053749946433832018-08-03T04:03:00.003-03:002018-08-03T04:04:59.718-03:00Sempre FoiMe encontro aqui, agora<br />
num mar de estar sozinha,<br />
outra vez!<br />
E já perdi a conta...<br />
quantas vezes, essa outra vez<br />
de chorar sozinha?<br />
Permita-me dizer, ardente e lúcida:<br />
O que te faço de errado, Ser-Amado?<br />
Ando assim tão banal<br />
por ver o olho humano<br />
e ver mais, dentro dele?<br />
Há tanto erro em mim?<br />
Não sei por onde deixar<br />
(tanto amor guardado em mim).<br />
Hoje<br />
meu tempo é outro.<br />
Já não morro nem vivo.<br />
Padeço do mal de ver,<br />
enferma de veracidade.<br />
Um por vez. Contornando por dentro<br />
minhas paredes da alma,<br />
devastando tudo,<br />
deslocando estruturas que jamais vi<br />
e dentro, ainda mais fundo,<br />
descubro os pedaços que achava não ter<br />
e só agora entendo por onde sinto falta de mim.<br />
É que faltar<br />
sempre foi bonito.<br />
<br />Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-72979483920343456272018-08-03T03:55:00.001-03:002018-08-03T03:55:10.370-03:00Sabedor As tintas mudam, na vida,<br />
a vida.<br />
E as vidas movem todo dia.<br />
Abrigam os dias sobre as pequenas palavras:<br />
aquelas de quem beija o silêncio<br />
e repassa seu hábito amado.<br />
Os amores sozinhos respingam<br />
lentamente em seus caminhos.<br />
Passo o resto do tempo<br />
colhendo as borras<br />
limpando quase tudo,<br />
mesmo quase sem força.<br />
O amor conhece meus labirintos.<br />
Sabe meus poucos segredos.<br />
Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-3142285544359300322018-08-03T03:15:00.001-03:002018-08-03T03:15:10.019-03:00SolidEstar com tua verdade é, na imensidão dos meus dias, minha última companhia.<br />
É ela, no escuro das horas paradas, que me cobre de agulhas, perfura e injeta teu sangue-palavra.<br />
Dormir com tua indiferença foi como deitar num corpo frio, úmido de sal e choro.<br />
Matei você e beijei teu rosto.<br />
Branco, abriste os olhos. Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-50028859710345746172018-08-03T03:12:00.000-03:002018-08-03T03:12:25.374-03:00Não Me Ama!Amor! Me maltrataste tanto que meu peito, dormindo, desmaiado de dor, parece já o peito velho, de um velho ser.<br />
Fosco, espelhado; tão perfurado quanto não deveria ser. É!Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-70801291627670693742018-08-03T03:09:00.001-03:002018-08-03T03:09:56.521-03:00Homem-BarroNesse pequeno dia, já escuro e cansado,<br />
louvo tua presença e <br />
tudo o que nela habita:<br />
teus ruídos<br />
inquietude trêmula<br />
o riso afoito<br />
a grande, vasta voz.<br />
<br />
Me arranha, a espera.<br />
Me percorre o corpo.<br />
Você, mesmo intocável,<br />
me toca <br />
pelas pontas.<br />
Imenso.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-77235557006167394622018-05-13T03:27:00.003-03:002018-05-13T03:30:01.318-03:00Homem-GrisNessas horas contigo, aprendi que as palavras que puseste sobre o tempo - contínuo, contido em você - ainda estão ligadas pelos fios de teus dedos que, por sua vez, estão vibrando diretamente através de seus fios da alma.<br />
Te sinto dormir.<br />
Tocando as próprias mãos, calado.<br />
Através! Sempre através de você! E quando encaro tuas palavras, te encaro num espelho, vendo teus olhos do outro lado.<br />
Trêmulo, como também estou agora, compreendo teu semblante. Descobri teus medos que, como os meus, vivo querendo confessar.<br />
Há prazer e angústia, nessa convivência nossa, na verdade, minha.<br />
Choro sob teu corpo da alma, exposto nas linhas, num desejo profundo de acolher-te no colo. Beijar-te as mãos e os olhos.<br />
Nesse pequeno dia, já escuro e cansado, louvo tua presença e tudo o que te habita: teus ruídos, inquietude trêmula, o riso afoito, a grande, vasta voz. Me arranha a espera. Me percorre o corpo. E você, mesmo intocável, me toca pelas pontas.<br />
<br />Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-37867061139873402822018-05-08T04:25:00.001-03:002018-05-08T04:25:16.566-03:00Brasília, Amiga, Querida!Te ver é te reconhecer,<br />
como alguém de antes,<br />
longe da memória<br />
e bem perto da alma.<br />
Tuas luzes, teu Paranoá,<br />
teu rosto menina, sorrindo<br />
triste.<br />
Teu perfume, teu corpo plano.<br />
Tua pele cinza, teus pelos verdíssimos.<br />
Tudo em você é como um antes que, em mim, morava.<br />
Um presente passado.<br />
Guardo teu abraço tímido na beleza desse dia<br />
grande e brilhante.<br />
Ver-te é tudo, todo amor<br />
guardado.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-69965730420806941202018-05-08T04:19:00.003-03:002018-05-08T04:19:33.018-03:00Outro Dia, Mais UmA sina perpetua-se a cada dia,<br />
Em todo amor fugitivo, covarde perante a poesia.<br />
Sempre<br />
Quando<br />
Abro as palavras, alguém bate a porta.<br />
<br />
Que há de errado no poema?Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-83572049589061884232018-05-08T04:17:00.001-03:002018-05-08T04:17:36.392-03:00Outra Noite, Mais UmaMantenho o silêncio, sempre que posso.<br />
Espero te ouvir nos espaços calados, ecoando nos corredores de minha alma.<br />
Meu maior desejo!<br />
Tua palavra é monumental.<br />
Pedra fulgurante, esculpida pelas mãos do Tempo.<br />
Aqui, sempre espero a luz do dia, pra colher o orvalho que deixas sobre minhas folhas.<br />
Passas calado, com os pés calados,<br />
a boca fechada e o peito em lava.<br />
Sinto o calor e, adormecida, sinto teu cheiro de Homem-flor-do-mangue.<br />
Nessa saudade descomunal e impiedosa, beijo tuas palavras que, há muito, são minhas.<br />
A poesia me deita, trêmula. Sussurra teu nome. Me apaga os olhos.<br />
Reproduz tua imagem. Te louva.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-41342767284208250682018-05-08T04:12:00.001-03:002018-05-08T04:20:56.559-03:00Súplica<div style="text-align: right;">
Lhe rogo! Ajuda-me, nessa noite infinda!</div>
<div style="text-align: right;">
Ensina-me a dureza.</div>
<div style="text-align: right;">
O desamor.</div>
<div style="text-align: right;">
Onde te encontro? Sei que tens a cura!</div>
<div style="text-align: right;">
Tens o poder da cegueira.</div>
<div style="text-align: right;">
Endureça-me!</div>
<div style="text-align: right;">
Que eu já não posso mais no amor.</div>
<div style="text-align: right;">
Só me apavora. Me contorcer de desejo é</div>
<div style="text-align: right;">
destruidor.</div>
<div style="text-align: right;">
Tenha piedade! Que o corpo meu já</div>
<div style="text-align: right;">
não tem lugar pra mim.</div>
<div style="text-align: right;">
Parada, pelos cantos, vivendo sozinha</div>
<div style="text-align: right;">
meu tempo de sonho. </div>
<div style="text-align: right;">
Não sei mais onde estou.</div>
<div style="text-align: right;">
E ele permanece longe. Todo-dia.</div>
<div style="text-align: right;">
<br /></div>
Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-64494141329338928442018-05-08T04:08:00.000-03:002018-05-08T04:08:16.533-03:00Outra, Outra Vez!Este tempo já não te pertence!<br />
E estou farta! Não te quero ver,<br />
Amor-cigano! Bandido!<br />
Tenha piedade desta pobre carne<br />
da alma, tão marcada pelos ardentes metais.<br />
Deixa que eu descanse,<br />
num eterno fechar-dos-olhos-de-mim.<br />
Outra vez? Assim, tão longe?<br />
Tão cheio da ilusão que arrastas, ruidoso?<br />
Vá! Suma daqui! Que hoje és assombração em meu peito!<br />
<br />
Prevejo!<br />
Conheço o cheiro da morte.<br />
Outra vez se aproxima.<br />
Posso ver sua sombra<br />
Do outro lado da linha<br />
Segurando as mãos, escondendo o tremor.<br />
<br />
Outra vez o amor. E sei que planeja.<br />
Ainda decide minha morte<br />
Jamais indolor.<br />
Talvez pedra<br />
Estilhaço.<br />
Navalha.<br />
Tortura lenta, divina.<br />
Impiedoso e genial.<br />
Sabe me manter desperta<br />
Até o final.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-85754845297595922192018-05-08T04:03:00.002-03:002018-05-08T04:03:55.014-03:00Agora?Amor? Outra vez?<br />
Como te atreves<br />
adentrar minha casa?<br />
Não vês que ainda estão quentes,<br />
as poças de sangue derramado<br />
em teu nome?<br />
Por que há de ser tão cruel,<br />
com tua beleza?<br />
Deixe que eu morra em paz.<br />
De tanta paz.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-38511946783120513522018-05-08T03:51:00.001-03:002018-05-08T03:52:36.667-03:00Poemas ao Homem-AmadoI<br />
<br />
Tua língua-palavra<br />
transpassa, rubra,<br />
meus silêncios.<br />
Úmida, revolta, transborda<br />
meus orifícios da alma.<br />
Rígido e bruto, penetras<br />
a língua em minha<br />
vulta etérea.<br />
Pude sentir teu gozo, ágil<br />
e fragilmente<br />
num suspiro final de tua oração.<br />
Calada, bebi até a última sílaba.<br />
Comi com gana<br />
tua voz castanha,<br />
dádiva, salina.<br />
<br />
II<br />
<br />
Há muito que te estranho,<br />
Homem!<br />
Te escrevo noite e noite diurna.<br />
Mas tardam meus dedos e olhos!<br />
Nos correiros telepáticos estão tantas dessas cartas, Homem.<br />
Todas tuas, todas minhas.<br />
Toneladas nossas, de um passado dormindo.<br />
Cuidado, Homem meu!<br />
Ao abrir os braços<br />
No encontro dos colos,<br />
Toda tanta palavra<br />
Cairá sobre teus pés.<br />
<br />
III<br />
<br />
Farei fogueiras com tuas palavras.<br />
Aprisionarei meus dias sob teu corpo,<br />
que, pra mim, casto,<br />
estará no despertar da pele do espírito.<br />
Adormecer-te-ei com o mais longo dos beijos.<br />
E, por todos os dias nossos,<br />
estarei em teu respiro, deleitando-me com teu aroma<br />
de Homem-vivo.<br />
Abrirei aos céus meu peito repleto de ti<br />
Pra que a luz possa refletir<br />
tuas cores indizíveis.<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
VII.IV.XVIII</div>
Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8960276500102651747.post-15992210570881311902018-05-08T03:23:00.001-03:002018-05-08T03:23:08.321-03:00Primeiro Poema ao Homem-AmadoEm algum lugar estivemos.<br />
Em algum!<br />
Aqui, longe, inabitável<br />
Estivemos,com os olhos profundos, brutais,<br />
Contemplando a possível e inimaginável união das palavras.<br />
Das nossas,<br />
Cravando as letras na madeira da gente.<br />
Agora, no escuro, procuro te ouvir de novo.<br />
Relembrar até mesmo as palavras<br />
Que repetirás.<br />
<br />
Porque estamos mirando o espelho d'água! Movendo em círculos,<br />
Redizendo tudo, pra convencer o temor.<br />
Dormirei com a poesia, que fala em<br />
Teu nome e tua graça.<br />
<br />
Tua forma indescritível, indestrutível.Bruna Moraeshttp://www.blogger.com/profile/08385914951099850217noreply@blogger.com0